As pessoas se dão conta da importância da pontuação, quando enfrentam textos, cuja compreensão, requer uma releitura – ou mais – para que alcance o sentido da mensagem a ser passada – pedindo, aliás, correções gramaticais por parte do próprio leitor.
Quem ainda não se deparou com um texto ou uma simples oração de complexa compreensão, em que as ideias e a mensagem principal à ser passada pelo autor, torna-se ininteligível.
A pontuação, no caso a vírgula, não é nenhum adorno e, muito menos, descanso para ninguém na leitura do texto. De igual forma, o ponto não significa que você cansou de escrever, ou que vá abandonar aquele contexto.
Ao redigirem peças jurídicas, os profissionais abusam das palavras em detrimento das ideias, isto é; empregam muitas palavras e não conseguem expressar seus pensamentos ou imagens. É o que se pode denominar de falatório, falação, blá,blá,blá, conversa fiada, prolixidez, enchimento de linguiça, enrolação, verborragia, dramalhão mexicano etc.
O mundo atual, e as pessoas que nele vivem, trabalham e se comunicam a velocidade da luz. A rapidez com que a informação é passada hoje, por força da própria globalização, torna o mundo mais dinâmico e competitivo. Por essas e outras tantas razões, é que a comunicação dever alicerçar-se, sobretudo, na sobriedade da informação a que se pretende transmitir.
As relações estabelecidas requerem uma comunicação menos formal e mais objetiva – concisa, portanto.
Tal fato, de igual modo, não foge às vias do judiciário, que deficiente pelo reduzido número de serventuários e magistrados, aliado ao crescimento das demandas judiciais, pede uma comunicação mais objetiva e sem o indumento da “prolixides”.
Vivemos, como dissemos, num mundo moderno e dinâmico, onde não mais se admite veicular a mensagem de forma muito complexa, formal – o vocabulário mais rebuscado e ornado, requer cuidados para que não se distancie da compreensão. Aliás, escrever bem e bonito é privilégio de uma seleta parcela de pessoas. Lembremo-nos ainda, que nem sempre a utilização de palavras mais rebuscadas significa reproduzir um texto bonito e compreensível. Então, é bom deixarmos essa missão – quando encontramos dificuldades – para os intelectuais da literatura brasileira. Escrever de forma simples e fácil dará ao autor o total domínio do texto, quando então a mensagem alcançará a finalidade almejada.
A mensagem nada mais é do que o conteúdo, o assunto, o tema do se que diz ou escreve. Se a mensagem não é recebida ou captada, não há entendimento, não há compreensão entre os que se comunicam.
Tratando-se de comunicação escrita, como por exemplo, uma peça jurídica, o autor da obra não está presente para explicar qual a sua mensagem, seus anseios, argumentos, tornando-se necessário, portanto, que a referida comunicação (peça) esteja clara, bem redigida – e isto requer, além dos conhecimentos indispensáveis da língua portuguesa, também saber como empregar corretamente a pontuação, para que o pensamento ou a opinião fique bem separada e esclareça o sentido da mensagem da citada comunicação escrita.
A comunicação jurídica, ao seu turno e, mormente para nós, profissionais da advocacia, deve ser bem redigida, clara e objetiva, a fim de que o magistrado, pessoa a quem direcionamos nossos argumentos, possa entendê-lo e aplicar o direito adequadamente.
Se conseguirmos nos expressar bem oralmente, por que não reproduzimos para o papel da mesma forma?
Vejam o que o escriba proporcionou a um determinado preso.
“Matar, não soltar o condenado.“
Devido à falta da vírgula, depois do não, o condenado à morte, que obteve o perdão do Governador de um Estado americano, foi executado.
Márcio Aguiar – RJ